Antes de sair declarando todas as coisas coloridas que se
passavam em minha mente e de contar sobre todas aquelas milhares de borboletas que
estavam "zanzando" no meu estômago e; obviamente; todas aquelas
outras - e tantas! - sensações orgásticas inefáveis que eu sentia todas as
vezes que pensava ou que O via, eu deveria saber que as coisas - nessa vida real
que a gente leva ou empurra - não acontecem como em textos como este: em que eu
posso idealizar cada vírgula que é disposta nesta folha de papel.
"Idealizar: v.t.d e v.pron. Projetar ou projetar-se de
modo ideal; imaginar alguém de maneira perfeita: idealizar um personagem, um
modelo. V.t.d e v.bit. Fantasiar; conceber de modo imaginativo; criar na
imaginação. V.t.d. Elaborar a planta ou o plano de; planejar, conceber."
Bom, já deu para entender...
Quando você idealiza muito a subida de um balão de festa
junina é bom tomar cuidado: quando ele cair pode queimar muitas casas, quintais,
ruas... E ainda fazer com que você seja preso!
Essa coisa de cair, de 'fall'... Já contei que sempre fui
uma desastrada? Sempre derrubei coisas, caí bastante, tropecei em diversos lugares e; quando
adolescente; cheguei a quebrar mais copos e pratos da minha mãe do que eu
pudera imaginar. Ainda bem que só eram pratos. E copos. E isso, meu bem, tem
conserto: é só comprar outros novinhos na loja.
Eu sempre caí bastante com os tropeços desta vida e aprendi
muito; acredite; até quebrando as tais louças da minha mãe. Acontece que o
coração da gente não é como louça e não dá para ir em uma loja de um e noventa
e nove; ou em uma daquelas bem caras; e comprar outro. Não, não dá. E isso é o
que mais me incomoda.
(...)
Outro dia resolvi dar o meu coração...(eu poderia tê-lo
vendido - dessa forma, talvez, ainda pudesse obter algum lucro - mas não: eu
dei). Sim! Dei assim "de bandeja", como dizem por aí. Dizem que tudo
se torna mais incrível e excitante quando roubam o nosso coração, mas eu
achando que estava sendo esperta, recebi dá-lo de presente. Tão ingênua eu!
Fato é que, no meio disso tudo, eu gastei muito esforço e
tempo tentando pegar meu coração de volta. Mas creio que ele gostou bastante de
ter ficado lá onde ele está: talvez isso faça com que eu evite de deixá-lo ser
quebrado, como as louças da minha mãe, uma vez mais. (Já que só há um pedacinho dele inteiro, porque o resto se foi).
Quereria eu poder comprar
outro coração destes novinhos em folha que a gente vê em novela, ou em contos
de fadas ou em crônicas fatídicas como esta que eu escrevo agora. Eu dei - e
perdi - mais que um coração. Eu fall... fali. Fali totalmente in love. Por
outro ângulo, isso me rendeu alguma coisa, além desta imensa vontade de fall,
de cair... e não mais levantar.
Allivád Snitram (c) São Carlos, São Paulo, Brasil - 11:25 hrs 29.04.2015
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