terça-feira, 30 de junho de 2015

Uma ida, ida sem volta

Essas coisas de paixonite passa... Passa. Minha mãe sempre me dizia sobre isso. Falava que quando a gente crescia, virava gente grande... sempre ia encontrar alguém. Mas na minha mente de criança, nunca me passou pela cabeça que esse "encontrar", seria encontrar no metrô, na rua, na escada, na sala de aula.
Eu sempre imaginei aquela coisa meio Cinderella perdendo o sapatinho de cristal escada abaixo. O único problema foi que o único objeto de cristal que perdi foi o meu próprio coração que, além de lapidado, foi estraçalhado: diversas vezes; de distintas formas.
Nunca consegui encontrar alguém. Aliás: até encontrei, mas não da forma como minha mãe dizia. Eu sempre fui muito desastrada, diga-se de passagem; nunca consegui encontrar alguém assim... aleatoriamente. Só encontrava esbarrando, tropeçando. Caindo. 
Em inglês o verbo cair é conjugado na forma "to fall". Já escrevi sobre isso, algumas vezes... porque "fall"... falir, em português, super significa se deixar "entrar na vala", na falência, na morte, na obscuridade, na tristeza, na fossa. 
No caminho. Caminho de passagem só de ida para a tristeza. Passagem de ida, de ida sem volta. E cá estou eu mais uma vez escrevendo sobre a porcaria de esbarrar mais uma vez e sempre na mesma pessoa, aquela que você sente, acha. Acha e acha que vê que vai ser a pessoa da sua vida e daí chega a porra do metrô: e você pega ele e vai parar em Montmartre ou Gare du Norde... e se fode. Se fode.
Se fode sozinho: na vida, na fossa, na vala, na caída, no abismo e no metrô. No metrô de uma passagem de ida. De ida sem volta.