terça-feira, 4 de março de 2014

20

(...)

- Tem a ver com 20, ele disse.
- Vinte o quê? ela respondeu, perguntando.

Os dois se olharam por uma margem de segundos; tão longos, que mais parecia a margem da praia de Ipanema, ou Algarve, ou Barcelona. Continuaram se olhando. A boca dele, um tanto carnuda, desejava a boca, o corpo dela: um tanto carnudos, também. Ambos queriam a mesma coisa, mas não havia coragem para falar.
Ela o olhou.
Aqueles olhos, tão azuis quanto o céu e tão profundos quanto o mar, tinham riscos vermelhos: como sangue, como amor, como paixão.

(...)

¨20, vinte, vim te..." ela pensou. O olhou. Ele a olhou de volta. Os olhos de Clara, eram um tanto negros: opacos, abismo, cor de luz quando apaga. Escuridão. Os olhos dela, sem reflexo, refletiram no espelho. Espelhos cor de azul que eram os olhos dele. Espelhos d'água.
Se olharam, se beijaram e foram atrás dos vinte. Do 20. Da vinci.
Em Paris, beberam rum, champagné e vinho. Fizeram o 20, foram ao Avicci e encontraram a felicidade em poder ser um casal vinte.
Vinte, Vinci. "Vim te buscar, meu amor... namora comigo?"
Foi o que ele disse, pós 20 meses divididos por cinco que dava 4, de um amor tão opaco quanto os olhos dela e tão profundos quanto os dele: azuis. Assim: sem luz.

São Carlos, São Paulo, Brasil
04.03.2014 15:00 hrs.