quarta-feira, 18 de março de 2015

Fall (indo) in love II

Na verdade eu nem sabia o que fazer. Eu só estava ali: pronta pra ele. Pronta para qualquer tipo de indagação, ou olhar, ou abraço ou um daqueles beijos no rosto inesperados que a gente espera sem vírgula, sem ponto, sem reação. Falida, falindo, fall (indo) in love.
(...)
Ele não fez nada. Apenas pediu um drink para a garçonete, me olhou - como em um pedido de aprovação; e eu... eu como em uma resposta silenciosa de um "sim", apenas mexi a cabeça, como mais uma forma de aprovação.
Dois whiskeys com gelo e limão. Olhei bem para aquilo e pensei "estamos mesmo onde?"; super queria uma caipirinha, ou uma água de côco ou apenas água mesmo.
Eu olhei bem no fundo daqueles olhos tão transparentes e azuis quanto o mar mediterrâneo e depois para aqueles lábios tão rosados quanto os lagos da Austrália ocidental e eu sabia: eu sabia que ele era e que era ele. Ele.
Nos beijamos: uma, duas, três vezes.
Em um desses beijos eu me afoguei, confesso. Mas eu já sabia: estava em um mar, um mar de emoções, um mar desconhecido. O mar que ele era ou que era ele.
Nós dois.
(...)
Nos amamos. Talvez como Afrodite e Poseidon e numa mistura afrodisíaca de sabores e sensações, nos embriagamos e acabamos conhecendo Baco e terminamos em um meio, um meio... meio que sem fim. Assim...

(Continua...)

quarta-feira, 11 de março de 2015

To fall in love

Existe cerca de mais ou menos 8 bilhões de pessoas no mundo e você tem o azar - ou a sorte - de se apaixonar apenas por uma. Por uma! Uma de cada vez, ou de tempos em tempos, ou nunca. Ou de se apaixonar por várias ao mesmo tempo e diversas vezes, mas sempre gostar mais de uma do que das outras. Ou não e eu posso estar errada. Mas... o fato é simples: eu sou assim. Tenho o poder de me apaixonar repetidas vezes por diferentes pessoas, ou de me apaixonar repetidas vezes por apenas uma delas. Ou os dois. Por outro lado, eu achava que só tinha um deles: o de me apaixonar por várias e repetidas vezes por pessoas diferentes e nenhuma delas ter a virtude da reciprocidade... até Ele aparecer.
Como eu ia dizendo sobre o tanto de pessoas no mundo: você tem uma chance quase nula de encontrar, perdida por aí, sua alma gêmea. Ou a chance incrível de ela poder te ajudar a encontrar o que pode haver de melhor em você. Ou os dois, mais uma vez. Isso soa meio prolixo (mas a vida é prolixa então creio que não há problema algum em eu ser também), neste exato momento.

Continuando... eu estava em uma festa, dessas que todo mundo parece estar em uma daquelas alucinógenas festas em Ibiza, ou em Miami Beach ou na sala de suas próprias casas, porque o que menos importa para estas pessoas é o lugar: contanto que haja algum tipo de elixir que as faça sair da órbita sóbria da terra, ou qualquer outra coisa que as pessoas intitulem como "estar são".
(...)
Havia muitas estrelas no céu e a lua brilhava bastante. Lembro perfeitamente disto, porque ainda tenho dessas coisas de olhar para o céu antes de dar o primeiro gole proveniente do meu copo. A propósito, ultimamente o meu copo é o único que alcança os meus lábios. Ou pelo menos era o que costumava acontecer... até então.
Bom... eu estava lá, ele também. A gente só não sabia disso, não ainda. Conversei com os meus amigos, tiramos fotos, rimos e falamos mal da festa (estava um lixo). Começou a ficar mais frio do que já estava. Estávamos em um pub, em Montmartre, não me lembro a rua. O feixe de luz proveniente do topo da Eiffel, iluminava de quando em vez, toda a cidade. Eu já não acreditava nessa coisa de paixão, ou de amor ou do raio que o parta. Sabe como é: quando você vive na capital do romantismo, você acaba ou amando a ideia de "poder amar" ou odiando tudo isso. Que foi o que aconteceu comigo, depois de tantas experiências falidas nesse tal de "fall in love". Fallida in love. Como eu costumo dizer.
Resolvi que iria embora, eu precisava ir para a faculdade no dia seguinte e ter saído, definitivamente, não fora uma boa ideia. Disse um adeus breve para todos os meus amigos e combinei com eles que falaríamos no dia seguinte, via Facebook. Peguei minha bolsa e o casaco e me dirigi até a porta. Meio não-sóbria, abri a porta do bar e saí. Peguei um cigarro e acendi - ainda estava muito frio, apesar de eu estar usando tantos casacos.
Na minha primeira tragada, um garoto de olhos bem azuis; tão azuis quanto o fundo de uma praia deserta e serena do Hawaii; me disse boa noite e perguntou se eu tinha um cigarro para lhe dar. Eu respondi um "é claro", bem polido e continuei parada, fumando. O meu coração acelerou e minha respiração ficou ofegante. Sinceramente: eu não sabia o que fazer, então... eu só não fiz coisa alguma. Fiquei ali. 
Pela minha visão periférica percebi que ele continuava me olhando, agora um pouco mais distante, pois ele percebeu que havia invadido o meu espaço. Ele devia estar pensando isso, porque eu, na verdade, havia adorado tudo aquilo.
- Você quer fogo? - perguntei, tremendo por dentro. Primeiro de frio, depois de ansiedade, medo, vergonha. Sei lá.
- Oui. - respondeu ele, aparentemente muito interessado em tudo aquilo.
Pegou o isqueiro e acendeu o cigarro. Silêncio de novo.
- Bom... eu preciso ir. Boa noite! - eu falei apressada, querendo fugir de mais uma Fallida in love.
Nos olhamos e eu fiquei parecendo uma pateta perdida na Disneyworld daqueles olhos azuis. Congelei naquele momento: talvez fosse culpa do frio, ou do frio dentro da minha barriga ou porque eu sou mesmo completamente idiota e romântica e acho que qualquer cena cotidiana pode virar capítulo de um livro.
Ele disse um "Espera, vamos tomar mais um drink" e eu não disse nada, continuei ali parada, congelada, apaixonada. Fallida in love.
Ele me estendeu a mão e me olhou no fundo dos meus olhos; pretos como abismo; e eu olhei para os olhos dele: tão azuis quanto o mar.
Eu não queria me afogar, mas tentativas são sempre bem-vindas. Eu estava pronta (ou pelo menos achava que estava). Estendi minha mão para ele e entramos no bar.

(Continua...)