segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Verde cor de oliva

É que no geral, as pessoas não querem mesmo saber o que você sente. Ou querem: mas tem medo. Muitas delas, por exemplo, nunca conseguiu sair da casa em que habita, por medo de ter que se aventurar no mundo e se descobrir; se machucar com ele. E quando eu digo casa, não me restrinjo apenas ao ambiente físico onde eu, ou você pode viver.
Um dia desses eu estava em uma dessas festas (dessas que há gente por todo lado e todo mundo tenta conhecer tudo e todos ao mesmo tempo, assim: sem muita precisão ou sem muitos pré-requisitos). Decidi que iria desenvolver uma pesquisa sobre as relações: sejam elas afetivas, amorosas ou apenas relações de cunho profissional. Partindo da premissa que toda e qualquer relação baseia-se - a priori - no interesse; seja ele: físico, intelectual ou financeiro, então me coloquei ali, enquanto me tornava o objeto do meu próprio estudo.
Diversas pessoas passaram por mim, mas uma, apenas uma me chamou muito a atenção. Eu sabia que a partir daquele momento, não haveria mais escapatórias, ou os tão famosos desvios para essa viagem analítica do: `o que farei para te conquistar.`

(...)

Nos olhamos uma, duas, três vezes. Na primeira, pude ver através da semi-luz em que nos encontrávamos, o tom amarelo-esverdeado daqueles olhos. Na segunda, reparei em seu sorriso simétrico, quase tão simétrico quanto o frio na barriga que eu começara a sentir. Na terceira, foi a perdição: tarde demais para voltar à base e concentrar-me no material de meus estudos.
Eu estava ali, ele também. E aquele sorriso simétrico, o calor daquele corpo e aqueles olhos verdes, tão verdes como óleo de oliva se preparando para mesclar-se, esquentar-se e envolver; fritar, queimar a carne. O coração. `Fogo`, foi o que pensei. E me queimei, me queimei bem...