terça-feira, 27 de agosto de 2013

Merci

"A verdade... Verdadeira... é que eu estava ali: bem embaixo da torre. Pronta para ele. Acredito que Eiffel, foi um dos maiores criadores da engenharia daquela época, mas... o indivíduo, que agora ali estava... não podia ser Ele. Muito menos, Dalí.
Meu cérebro traduzia: suportava milhões de situações transcômicas a falar sobre pessoas que desertavam de outro mundo... e eu; realmente, pouco me importava sobre o que estava agora a se tratar.
A acontecer. 
Só queria sentir o vento frio de Paris.
Ouvir o barulho dos carros.
Sentir aquele beijo. 
O BEIJO com gosto de champagne.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Toque, me toque, toque-me

Ele pegou na minha mão.
O toque ativou cada partícula do meu cérebro, fazendo cada neurônio meu trabalhar de forma intensamente anormal.
Suei frio.
Olhei pra ele.
Sorri.
Essa coisa de pegar na mão... nós, mulheres, nos importamos um tanto com isso. No entanto, naquele momento o que me encantava, não era unicamente o fato de ele ter segurado a minha mão: mas  a forma COMO a segurava e, ao mesmo tempo, como me encarava com aqueles olhos profundos e cor de âmbar.
Ele, com o seu andar largado, violão nas costas e cabelo engraçado, fazia com que eu me lembrasse de uma canção que sempre costumava cantar na minha adolescência e melhor: eu me sentia uma adolescente, todas as vezes que aquela criatura um tanto quanto poeticamente simétrica, se posicionava ao meu lado.
Não conversávamos muito, nossa relação consistia basicamente na essência do olhar. Não precisávamos de palavras: conversávamos à medida que nossa música surgia, de mim, através da voz; dele, através de seus dedos, todas as vezes que estes se encostavam nas lisas cordas de seu violão.
O que aconteceu, foi que em um belo dia... quente, muito quente, a falta de diálogo sucedeu em uma música ruim e o garoto do cabelo engraçado, resolveu deixar o violão de lado, cortar o cabelo e andar de uma forma mais ereta, menos desleixado. Eu continuei a mesma, pelo menos por um tempo. Acho que só continuei sendo a mesma, e apenas por um tempo... porque ele era o único que aceitava o meu jeito de ser, do jeito que era.
Era.
Acho que era isso: o tal do "era".
Eu mudei, ele mudou, o mundo mudou: somos pessoas distintas; e dicotômicamente as mesmas; agora. Estávamos em mundos distintos e um oceano interpunha-se entre nós. Um oceano de mágoas, lembranças.
Saudade.

(...)

Um dia desses, andando pela rua, tropecei em um homem, ele usava um terno, gravata, e gel no cabelo. O encarei.
Por dois segundos, o meu mundo parara e lá estava o lume daqueles olhos amarelados:ainda tinham o mesmo brilho. E ele, ainda o mesmo sorriso. Um tanto quanto hesitante, perguntou:
- Olá, como vai?
- Vou bem... você? Respondi, pigarreando e com uma cara de quem acabara de levar um sôco no estômago. Meu rosto enrusbeceu.
- Estou bem.
Seguiu-se uns segundos de desajeitoso silêncio, e logo estávamos papeando como aqueles dois pós colegiais que éramos, há três anos atrás. E então, eu um tanto desastrosa e espontaneamente, lhe perguntei:
- E a namorada?
E ele, um tanto quanto direto:
- Vai bem, mas estamos meio em crise... acho que faz parte. Por quê a pergunta?
E eu, fingindo ver a hora em meu relogio sem bateria, e simulando ter pressa, respondi:
- Faz parte.
Pisquei e sorri.
Ele tocou minha mão, me olhou, sorriu e repetiu: "faz parte".

(...)

Sabe como mulheres são com essa coisa de "tocar as mãos". Mas eu não tive uma atividade cerebral fora do comum porque ele tocou em minha mão, mas COMO ele tocou. Havia qualquer coisa ali, que apesar do gel, do terno e da gravata, me fez lembrar o garoto do cabelo engraçado, com violão nas costas e andar peculiar, que adorava pegar seu violão e conversar comigo através da música.
Nossas músicas.