quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Não se apaixone por Vampiros

Foi o melhor sangue que provei. Na verdade, Ele surgiu de repente. Eu havia sentido que alguém estava a me olhar, há algum tempo durante aquela noite, mas nem dei muita atenção.
Eu sempre tive medo de vampiros.
E nunca pensei que fosse me apaixonar por um. E nem que algum deles, iria me oferecer um pouco daquele cálice delicioso, de cor avermelhada de sabor misticamente magnífico e misturado com um pouco de perdição.
E depois estávamos lá: olhando para o teto e criando figuras imaginárias com a sombra da lâmpada no lustre. No teto do quarto.
Rimos.
E rimos.
E nos beijamos. Diversas vezes.
Você não pode beijar uma pessoa mais de uma vez. Corre um grande risco de querer beijá-la mais vezes. E mais... e mais... E daí... o Envolvimento (com 'E' maiúsculo). E músicas, e mais risadas e conversas triviais que te fazem falta, um minuto depois.
- Quem você desejaria ser, se pudesse escolher?
- Eu mesmo. Por quê?
E daí, ele me olhou. Deu aquele meio sorriso. E mudou de assunto.
Existem bilhões de tantas e outras pessoas por aí afora. E você conhece centenas. E só um não te sai do pensamento. Eu fico devaneando pensando nas garras daquele Vampiro. E seus dentes afiadíssimos a dar pequenas mordidas em meu pescoço, e ferindo meu Coração.
E daí, eu acordei. Olhei ao redor. Visão meio turva, dores horrendas em meus ouvidos. Olho pela janela: nuvens. Muitas delas. Uma lua bem bonita... branquinha. A pressão me incomodava um pouco. Odeio passeios de aviões. Olho no relógio: já havia sete horas que estava sobrevoando o Atlântico. Abro minha bolsa e tiro uma blusa de frio. Um pouco do cheiro Zaadíaco do Vampiro. Tento fechar os meus olhos como se isso, fosse de alguma forma, acentuar toda a falta que eu estava a sentir naquele momento. Não melhora.
Trinta e três dias passam. Tomo, ás vezes, um pouco daquele cálice que ele me oferecera naquela noite. Mas não adianta. O efeito não é igual e, por onde eu ando, faltam vampiros tão sádicos, sedutores e Sartoris como o que eu conheci.
Me faz falta. Uma falta horrenda. E... eu nem sei dizer o 'Por quê'.
Só sei dizer, que tive dores de cabeça após cada cálice de sangue que tomei enquanto estava com ele. E; ainda assim, tento, todos os dias de minha vida, relembrar qual era o sabor daquele drink. Se me recordo bem, acho que tinha um teor amargo de puro Amor idealizado por um Vampiro, que já não tinha tanto medo de claridade assim.
Acho que a auto-flagelação, ainda vai levar um tempo para terminar.

Coimbra - Portugal, 20-10-2011 01:07 a.m.

4 comentários: