terça-feira, 23 de novembro de 2010

Palavras.

"Sempre gostei de palavras, mais do que de pessoas. Com as palavras você não corre o risco de dizer algo errado: porque você pode apagá-las, e elas não estarão lá para culpar-lhe porque você as apagou da sua vida. Você pode reescrevê-las, e elas até ficarão mais felizes com isso. Você pode querer que elas signifiquem mais do que significam, e vão ficar maravilhadas com a sua escolha. Diferentes de seres humanos: que sempre querem ser o que pensam que são e quase nunca dão espaço para que nós possamos atribuir-lhes algum valor. Quando o fazemos - o que ocorre diferente com palavras - machucamo-nos.
As palavras não nos machucam quando nós as escrevemos. Mas o que é engraçado é que elas podem machucar - e muito - se o leitor, não for quem as criou. Por isso, se pensássemos mais quando a questão é "palavras", tomaríamos mais cuidado ao pronunciá-las e principalmente ao escrevê-las.
Para muitos, o ato de escrever é totalmente desnecessário, corriqueiro, uma chatice. Para mim, é um refúgio. Fantástico. Divino. Um dom.Quanto mais escrevo, mais a dor passa, passa, passa... A sensação de extremo vazio é substituída pela ânsia de palavras novas, sentimentos que surgem bem lá de dentro do meu ser, em apenas um apertar de teclas. Centenas de impulsos nervosos afloram em meu cérebro; e misturado com um sentimento indescritível de indecisão, ódio, amor, expectativa, trabalham juntos para que algo concreto venha a registrar suas peculiares curvas e significados em uma página intocável e, talvez, até inexistente.
É como tocar piano: é preciso saber exatamente onde se deve pousar as mãos, para que as palavras certas sejam redigidas em seus devidos lugares, para que assim, o efeito surja e cumpra com o seu papel em uma melodia harmoniosa, perfeita. É necessário não somente escrever, mas na minuciosidade da significação, sentir o que se escreve. Ah... Não sentir só: viver e ir além!
"Ao infinito e além!". Como o comandante de uma operação interespacial, saber como agir para que os outros tripulantes não corram nenhum perigo e possam se surpreender de uma forma saudável, com as aventuras que estão por vir.Quando se escreve, você está livre para indagar sobre o por que de certas coisas e se contentar com uma solução sem resposta alguma. Porque são palavras. Só palavras. Palavras. "Ser ou não ser?". Não vai depender apenas de palavras, mas... muito mais de atitudes. Atitudes, que aqui, nesta página funcionam, se assim eu quiser. Porque quem escreve por hora, sou eu. E eu dito o que ocorre daqui a cinco segundos, ou daqui cinco horas. Porque aqui, só aqui eu tenho este poder.
No mundo, em que só escrever não faz muito sentido, de nada me valem meras palavras. Porque elas são esquecidas facilmente. Por quem?! Ah... chamam-se seres humanos. Uma espécie evoluída, que diz ser a mais inteligente dentre todas e deteriora o próprio local onde vive. Sim, somos nós. Cheios de imperfeições, temos um dom, que talvez nenhum outro ser terreno tenha: a escrita.É magnífico. Sublime. E o mais excepcional é quando você, de súbito, vai muito além do que o esperado, para de "tocar a melodia" e fica matutando, olhando para a sua vênus de milo, sem saber como terminá-la.
O problema das palavras, às vezes, é quando elas querem brincar de esconde- esconde. Você fica procurando e procurando... e aí, finalmente, elas resolvem aparecer. E organizam-se de tal forma, que é até possível voltar a tocar, como antes, o que disséramos ser apenas um projeto de Mozart.O que eu digo?! Não importa. Eu escrevi. Escrevi. Não tudo o que queria, mas pelo menos um terço.
Faz sentido!? Talvez não pra você ... pra falar verdade, pra mim tampouco. No entanto, eu toquei o que queria tocar. Como em uma feira de arte de 1922, expus minha arte. E ninguém me falou que a arte precisa ter sentido. Você só precisa sentir. E como jamais tivesse ocorrido em mim, eu senti. Senti os meus dedos pousando ora freneticamente, ora vagarosos por sobre o teclado de um simples computador; e assim fui compondo o que eu atrevo dizer ser uma canção, que agora intitulo de "Palavras". Uma metalinguagem? Depende do referencial, como dissera a física. Depende do conceito que você ou Saussure atribui ao signo "metalinguagem".
Uma viagem? Foi realmente uma das melhores. Sinto-me tão peculiarmente mais exaltada, que seria capaz de te encontrar e dizer o quão é bom vê-lo e participar de uma aula, cuja metalinguagem funciona com "A dama do cachorrinho" do Tchekov(acho que se escreve assim.), por mais que por um pequeno espaço de tempo.
De nada adiantaria dizer, porque são só palavras, não é mesmo? Mas algo me impede de ter alguma atitude. E eu não vou tê-la. Porque a dicotomia deste sentimento, se é que pode ser um, me faz mal e me faz bem. Um caráter camoniano: cheio de amor, ódio, desejo e paz. Palavras, palavras e só.Me sinto pronta agora. Pronta para levitar. Palavras: obrigada pela pureza que vocês me deixam atingir, quando eu me comunico com vocês.

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