domingo, 21 de outubro de 2012

Abismo

Dedico à quem é capaz de amar apesar da distância. E desencontros.



"Carrego comigo o fantasma que é você, desde os meus 14 anos de idade. O que escrevo agora, foram acontecimentos, sonhos. E chego quase a certeza, que a maioria, nunca serão fatos. Resumo apenas em um desabafo atemporal que transcende... elimina; neste momento; qualquer partícula de orgulho que ainda possa existir em mim.
Seus olhos de um negro opaco, foi o que me inspirou a escrever um livro de exatas 336 páginas, escritas à mão em um caderno meio velho e empoeirado que sempre ficava escondido por baixo do meu colchão, na minha singela cama, naquele quarto um tanto sem luz. Eu o escrevi no curto período de um mês. Enquanto eu dormia, Morpheu inspirava-me para que assim que eu acordasse, eu pudesse ter a oportunidade de ver a beleza e ingenuidade em que você se transformava, à  medida em que minhas idéias, eram dispostas naquela folha abarrotada de papel.
Sensações utópicas e idealizadas, eram concretizadas ao longo daquelas linhas rotas.
Desbotadas.
O seu nome, no livro, foi o único que não fiz questão de mudar: queria você concreto.
Do nome, ao corpo.
Essência.
Prometemos um ao outro, que se um morresse antes do primeiro, o segundo estaria inconvictamente no funeral daquele. Bobagem! Adolescentes, sempre tendem a materializar idéias e expô-las de uma forma um tanto inadmíssivel. Você e eu, éramos como um comando "while", com bug: eternos em um looping eterno. E alternadamente, ínfimos. Daí o bug.
Você é um daqueles algoritimos ilógicos... se é que pode haver algum. Por isso, você não existe. É mais uma de minhas criações. Você nunca esteve aqui. Não estará e; começo a me convencer, de que eu já cansei do que poderia ser você.
 Do verdadeiro você.
Quero continuar te tendo idealizado, bem aqui... dentro da mente, do meu livro de 336 páginas que, com tanto esmero, eu escrevi. O meu desabafo que deveria ser um tanto quanto longo, termina; PARADOXALMENTE; sem um fim. Estou meio ocupada para continuar a desvendar-lhe a maior parte de meus segredos. Por isso, fecho agora este livro de trezentas e tantas páginas. O guardo no único lugar em que sei que é seguro, escuro e que ninguém vai mecher: embaixo do meu colchão, naquela cama singela em um quarto um tanto, como seus olhos: opaco.
Sem luz.

Coimbra, 21 de outubro de 2012 18:38 hrs.

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